"Um Homem Chamado Ove" | Review

dezembro 08, 2023

Sabem aqueles livros de que ouvem toda a gente falar tanto e tão bem que até têm medo de ler porque podem sair defraudados e acabar por não gostar nada? Bem, foi exatamente assim que me senti quando comprei o livro de que vos venho falar hoje. Uma parte de mim estava mega ansiosa por começar esta leitura da qual só tinha ouvido comentários maravilhosos, mas outra parte de mim estava com muito medo de ir com as expetativas demasiado altas e acabar desiludida. Deixei-o algum tempo na minha estante e depois decidi levá-lo comigo até ao Algarve para ser companhia das minhas férias. Comecei a lê-lo bem devagar e, de repente, quando dei por mim, já não conseguia parar de ler. Mesmo com todas as expetativas e com a fasquia bem alta, acho que consegui ser positivamente surpreendida. 



Um Homem Chamado Ove, de Fredrik Backman, apresenta-nos o "pior vizinho do mundo". Ove não é propriamente o tipo de pessoa, muito menos de vizinho, com quem nos apetece cruzar na rua. É um velho solitário e antipático que não gosta de pessoas. Afinal, hoje em dia ninguém respeita os sinais de trânsito, sabe fazer reciclagem corretamente, trocar um pneu ou sequer conhece os vários tipos de chave que existem. Isto já para não falar sobre como preparar um café de cafeteira como deve ser! Ninguém está disposto a assumir responsabilidades. Não, agora é só facilitismos... Está tudo na internet e o café degusta-se instantâneo. Como se tudo isso não fosse suficiente, Ove perdeu a única pessoa que dava cor aos seus dias. E em troca ganha uns estranhos vizinhos, vindos sabe-se lá de que planeta, que parecem destinados a intrometerem-se no grande plano que Ove tem para a sua vida. Ou para o fim dela. É que, por detrás daquele homem carrancudo, há uma história de solidão e tristeza. Contudo, uma série de circunstâncias fortuitas irá acabar por devolver-lhe, aos poucos, a fé na humanidade. E, ao mesmo tempo, as pessoas que o rodeiam começam a perceber que o bairro não seria o mesmo sem Ove. Seria um lugar mais frio, menos solidário e, por mais estranho que pareça, também muito menos divertido. (adaptado de Wook)



Como disse, comecei esta leitura bem devagar, a entrar na história meio a medo, mas, a dado ponto, eu estava tão absorvida por ela que já nem queria parar. Eu acho que isso quase imita, de certo modo, a reação das pessoas ao conhecerem Ove. Primeiro, começam a medo, a tentar compreender aquele homem rabugento e que parece odiar todo o mundo. Contudo, há medida que o vão conhecendo vão-se sentindo gradualmente mais à vontade e a saber lê-lo melhor, até perceberem que estão completamente à vontade e que aquela carapaça dura esconde um coração mole. Tal como acontece com os seus vizinhos, Ove vai "crescendo em nós" até que se torna impossível não gostar dele e não o sentir como membro da nossa família. 


Acho que esta história é muitas coisas ao mesmo tempo: tem um lado mais triste, que contrasta com um lado mais divertido e com muita ternura que nos aquece o coração. É um livro daqueles que nos faz refletir sobre a vida, sobre aqueles que nos rodeiam, sobre o que não sabemos sobre as vidas das pessoas que estão à nossa volta. Também acho que é um livro que nos traz alguma esperança na humanidade e nos mostra a importância das relações, sejam de que tipo forem. Por mais que gostemos da nossa própria companhia, precisamos muito dos outros para ser felizes e eu acho que Ove foi aprendendo isso ao longo do livro. De uma forma sublime, o autor vai-nos deixando algumas mensagens importantes das quais precisamos de ser relembrados de tempos a tempos, numa sociedade que, por vezes, se esquece dos valores mais importantes e básicos e se foca demasiado nos bens materiais. Percebemos, então, que Ove é apenas um homem amargurado pelas circunstâncias da vida e que só precisa de sentir que, afinal, não está sozinho neste mundo. 



Este é um livro que deixa o nosso coração bem quentinho, que nos faz rir e chorar, que nos relembra que o amor será sempre o bem mais importante que podemos ter. Acho que pode ser uma ótima leitura de Natal e final de ano. 


Adorei este livro! Vai ser, com certeza, um dos favoritos do ano e recomendo imenso a leitura!


2 comentários:

  1. Tenho no kobo para ler e sinto-me como tu: com medo de começar a ler e não gostar por causa de todo o hype que tem havido em redor do livro.

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    1. O meu conselho é: lê quando sentires que está na altura e tenta ir sem expetativas, ou a "esperar sempre o pior", porque acredito que vás gostar!

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