"Pessoas Normais" | Review
Pessoas Normais, de Sally Rooney, foi o quarto livro que eu li em 2021 e uma leitura muito aguardada. Depois de ter ouvido imensa gente falar deste livro e de ter sido lançada uma série, fiquei de tal modo curiosa para ler este livro e conhecer esta história que tive de comprá-lo. Fui para esta leitura com as expetativas muito muito elevadas, depois de ouvir tantos comentários positivos e de todo o hype feito à volta do livro e da série. Será que me desiludi ou que fui surpreendida?
Pessoas Normais é sobre Connel e Marianne, dois jovens que cresceram numa pequena cidade irlandesa, mas que nada mais parecem ter em comum. Na escola, Connel é visto como um rapaz popular e amigo de todos, enquanto Marianne é olhada de lado por ser "estranha" e solitária, mantendo-se à parte de todos. Connel é filho da empregada que trabalha em casa de Marianne e, num dos dias em que este vai buscar Lorraine, acaba por ter uma conversa complicada com Marianne, que acaba por ser o ponto de viragem das suas histórias. Vamos acompanhando as vidas de ambos e percebendo como se influenciam mutuamente e como, embora muitas vezes afastados, os seus caminhos acabam sempre por se cruzar.
Na minha opinião, esta é uma história sobre duas pessoas cheias de conflitos interiores, que travam inúmeras lutas consigo mesmas, e que, sendo muitas vezes tóxicas uma para a outra e até para os que os rodeiam (e que se rodeiam de pessoas igualmente tóxicas), acabam por ser muito certas uma para a outra. Para mim, a mensagem mais importante e mais poderosa desta história é que, de facto, uma pessoa pode mudar muito a nossa vida e pode influenciar-nos de formas que nem imaginávamos ser possível. Connel e Marianne são, mais do que qualquer outra coisa, grandes amigos que, mesmo com tudo o que sempre se interpôs entre eles e com todas as diferenças, sempre estiveram disponíveis um para o outro, mesmo quando estavam com outras pessoas.
Respondendo à pergunta que iniciou este post, eu posso dizer que me senti um pouco defraudada com a história. Tinha as expetativas de tal modo elevadas que não estava preparada para o tipo de história que ia encontrar. Não sei bem o que esperava, mas encontrei uma história, por vezes, "seca" e "sem emoção", mas, ao mesmo tempo, arrebatadora e forte. Não posso dizer-vos que é o meu livro favorito, mas também não o detestei - só esperava algo diferente (embora não saiba bem o quê). Gostei da história pelo facto de tocar em pontos muito importantes relativos ao amor, à amizade, à sexualidade e à intimidade, assim como relativos aos conflitos interiores de cada um que derivam da visão que têm de si mesmos e das suas histórias passadas. Acho que Sally Rooney tem um grande dom de nos fazer conhecer as personagens sem nos dar tudo sobre elas e isso é capaz de ser um dos meus pontos favoritos deste livro.
Falando agora da série...
Sendo muito sincera convosco, eu acho que gostei mais da série do que do livro - porque os silêncios fazem mais sentido, porque vemos as expressões, a linguagem corporal... Tudo aquilo que, no livro, me pareceu "seco" e "sem emoção", ganha intensidade na série, talvez porque os atores souberam representar muito bem as personagens de Connel e Marianne. A série dá mais relevo a tudo aquilo que fica subentendido no livro, faz-nos perceber melhor o quão problemática acaba por ser a falta de comunicação ou a má comunicação entre estes dois e o quanto isso prejudica a sua relação, porque é claro o quanto gostam um do outro. Além disso, uma coisa que adorei na série (mas que também gostei muito no livro), é a representação da depressão pela qual o Connel passa e da situação toda da Marianne - desde os problemas familiares, à imagem que tem dela própria, à sua veia submissa para ser "aceite"... Connel e Marianne são duas personagens altamente complexas, cheias de conflitos interiores, como já disse, e acho que a série consegue evidenciar isso ainda melhor.
Resumindo e concluindo, gostei imenso da série e estou curiosa para ver o que vão fazer na segunda temporada!
Não conhecia nem o livro nem a série, mas, ao ler esta tua review, percebi que não ia ser algo que me interessasse verdadeiramente por achar a história previsível e, de certa forma, repetitiva :/
ResponderEliminarSim, não é o tipo de história que agrade a toda a gente. Mas também não quero influenciar ninguém com a minha opinião, porque todos temos visões diferentes das coisas
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