Viver Depois de Ti | Reflexão


Um dos primeiros livros que li em 2020 foi o Viver Depois de Ti (Me Before You), de Jojo Moyes. Eu já tinha visto o filme há uns bons anos atrás e fiquei completamente apaixonada pela história - chorei rios, mas adorei a história. Há uns tempos, surgiu-me a oportunidade de comprar o livro e decidi que, mesmo já tendo visto o filme, queria conhecer a história do livro - porque bem sabemos que, na maioria dos casos, as adaptações cinematográficas são bem diferentes dos livros. Assim, hoje venho falar-vos do livro: não é propriamente uma review, é mais uma espécie de reflexão que fiz após lê-lo. 




Quero começar por dizer que fiquei positivamente surpreendida pelo facto de a adaptação cinematográfica ser tão fiel ao livro. É claro que já não me lembro de todos os pormenores do filme, mas, daquilo que me lembro, foi bastante fiel à história original. Como é óbvio, houve cenas que foram excluídas (se não teríamos um filme gigante), mas aquelas que foram incluídas parecem-me ter sido fielmente retratadas. 

[aviso: se não conhecem a história (filme ou livro), os próximos parágrafos podem conter spoilers; leiam por vossa conta e risco]

Esta história é normalmente retratada e resumida como sendo uma história de uma jovem rapariga, Louisa Clark, que é contratada para trabalhar para casa de um homem ainda jovem que ficou tetraplégico, Will Traynor, por um período de seis meses. Apesar de não o descobrir logo ao início, a missão de Louisa é fazer Will desistir da ideia de morrer com assistência médica, na Suiça [e que tema tão atual que isto é!]. Lou, como é tratada, faz trinta por uma linha para mudar a visão daquele homem que parece ter desistido de viver e a verdade é que, com o passar do tempo, Will vai mudando, tornando-se uma pessoa mais bem disposta e com mais vontade de sair e fazer coisas novas. Contudo, a sua opinião não muda, mesmo tendo acabado apaixonado por Louisa (e ela apaixonada por ele), e acaba mesmo por decidir seguir em frente com a sua ideia.

É a isto que se costuma resumir esta história. A uma mulher jovem que se apaixona por um tetraplégico "inválido" que decide por termo à sua vida. Contudo, depois de ler o livro, eu chego a uma conclusão a que não tinha chegado depois de ver o filme - talvez porque agora tenha uma maturidade diferente ou porque tenha feito uma reflexão diferente acerca da história. 

Para mim, esta não é só uma história de amor com um final triste. Esta é uma história sobre o crescimento pessoal de uma jovem mulher que achava que estava condenada a viver na sombra da irmã mais velha e do namorado egocêntrico; que achava que não podia sonhar mais além dos limites da pequena cidade provinciana onde vivia; que achava que estava condenada a viver ali para sempre, a ser olhada de lado por ser excêntrica, a ser gozada e ridicularizada pelos próprios pais, a sustentar a sua família; que achava que não podia almejar mais do que aquilo que já tinha. 


Nesta história, não foi só Lou que levou um pouco de felicidade à (curta) vida de Will. Will também deu muito a Louisa. Deu-lhe a possibilidade de sonhar mais longe do que os limites daquela pequena cidade onde sempre viveu, de ser mais do que é, de querer mais do que tem e de não se contentar com a vida que tem. Will mostrou-lhe que não era ridícula por ser diferente e excêntrica, que não era menos que a sua irmã e que não precisava de viver na sombra dela, que merecia muito mais do que aquilo que lhe davam e que lhe faziam crer que podia ter. Foi com Will que Louisa aprendeu que é seu dever viver a vida que tem ao máximo, aproveitar tudo. Foi ele quem lhe fez ver que é seu dever esforçar-se por ter mais, não se acomodar, viver bem.


Há tantas lições importantes nesta história. Tantas coisas que podemos aprender com o Will e com a Louisa. Esta história é tanto mais que uma mera história de amor. É uma história que nos faz olhar para a nossa vida de uma forma diferente, que nos faz questionar se estamos realmente a vivê-la como devemos ou se estamos apenas a deixá-la passar por nós. Ensina-nos como é importante viver ao máximo a vida que temos, porque só temos uma e ela pode acabar num instante. 



E hoje em dia, tendo em conta os temas em debate no nosso país e as decisões políticas que estão a ser tomadas, este livro ajuda-nos a perceber que quando deixamos de ter a vida que sempre quisemos, deixamos de ter vontade de viver, simplesmente, e, às vezes, nem as pessoas que mais amamos nos podem fazer mudar de ideias. Porque todos temos direito à vida, mas também todos temos direito à dignidade e há algumas circunstâncias em que, quando perdemos a nossa dignidade, não queremos mais viver.

Se não leram este livro, aconselho-o vivamente. E espero que o leiam com uma mente aberta e não apenas com a visão de mais um romance com um fim triste - porque, realmente, eu acho que o fim não é verdadeiramente triste. 




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