Desinformação é a pior epidemia
O tema está na ordem do dia e seria impossível não o trazer aqui. É importante parar e refletir sobre o que está a acontecer no nosso país, particularmente. Porque além de estarmos perante um surto grave de um vírus, estamos perante uma ignorância, inconsciência e irresponsabilidade tais que o tornam ainda pior.
Não há desculpa para tamanha desinformação e falta de civismo. Além de nos protegermos com todas as medidas que saúde partilhadas pela DGS e OMS, temos de nos informar para perceber o que está, de facto, a acontecer. A informação é meio caminho andado para a prevenção e contenção. A quantidade de informação falsa e incorreta a circular é muita, é verdade, mas cabe-nos a nós saber fazer uma triagem daquilo que lemos e dos sítios em que escolhemos ler. Dêem preferência aos sites das autoridades de saúde e dos jornais. Há imensas aplicações disponíveis na Playstore que vos dão informação (fiável) ao minuto do que acontece - sobre medidas de prevenção, sobre a situação atual do país, sobre o que fazer e, acima de tudo, sobre o que não fazer.
Não há desculpas para pessoas da nossa geração, após as suas universidades terem fechado para uma quarentena profilática (isto é, preventiva), irem apanhar banhos de sol para a praia ou para o parque da cidade ou irem sair à noite, enfiar-se em bares cheios de gente e com pouco espaço. Não há desculpa que justifique esta irresponsabilidade! Temos o dever de ser pessoas informadas e de informar aqueles que têm menos acesso à informação. E isto não se trata só de nos protegermos a nós, mas de protegermos aqueles que nos rodeiam e sobretudo as pessoas mais debilitadas e fragilizadas com que nos cruzamos, nomeadamente os nossos familiares. É o nosso dever protegermo-nos e protegermos os que nos rodeiam, para podermos parar esta(s) epidemia(s) - o covid-19 e a desinformação.
E termino este desabafo e esta chamada de atenção para a realidade com o post que o Bruno Nogueira fez no seu Instagram:
«Não pretendo dar lições de moral porque não tenho estudos para isso. Também não pretendo criticar ninguém, porque sei que a crítica mal digerida pode incendiar o efeito contrário. Pretendo única e simplesmente partilhar o que tenho feito nos últimos dias, sirva a quem servir. O desconhecido dá medo, é o escuro das crianças. No entanto, há já coisas que sei que devo fazer para evitar que os números de casos se multipliquem, e estou a fazer a minha parte. Antecipar, diria que é uma boa palavra. Antecipar, para não remendar o pior dos cenários.
A contenção não é cobardia, é trunfo.
Tenho a família resguardada em casa, saímos só para o estritamente necessário, e mantemos a calma. Há uma coisa importante no meio disto tudo: a negação do problema não o elimina, só o incendeia. Não é por me sentir saudável que sigo a vida como se nada estivesse a acontecer. Posso a qualquer momento contrair o vírus, e antes de ter sintomas espalhar a quem não tem sistema imunitário forte o suficiente para o combater. Isto não é sobre mim, é sobre uma coisa maior do que eu. É sobre nós. E é esse degrau mental que me faz ter consciência que a minha prioridade tem de ser colectiva, e não minha e do meu espelho. Não ceder ao pânico, o pânico é um vírus que mata por dentro. Faço as compras para os dias que se seguem, e não para os meses que estão por vir. Há idosos e pessoas com menos disponibilidade financeira que precisam de prateleiras de supermercado que não estejam repletas de medo. Cancelei viagens ao estrangeiro que tinha no final deste mês. Perdi dinheiro, ganhei tempo. Não acontece só aos outros. Os outros somos nós. Hoje mais do que nunca. Mantenho as crianças informadas, não multiplico o que leio na imprensa nem faço vista turva. Filtro.
Não ceder à histeria nem à indiferença, são os dois contagiosos. Acreditar que todos juntos ultrapassaremos isto. São tempos confusos, mas a luta será ganha. Não olhar para os números de infectados em Portugal e achar que são poucos e que “ainda não é tempo de agir”. É agora, está a acontecer.
Nesta história não há nós e eles, há todos. E juntos, não tenho dúvidas disso, vamos escrever o melhor final que esta história pode e merece ter.»
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