"Lá, Onde o Vento Chora" | Review

No que toca a comprar livros, eu tenho um pequeno problema e eu acho que alguns de vocês se vão identificar: nem sempre opto por comprar livros que efetivamente quero e que já tenho na minha wishlist há algum tempo. Muitas vezes, acabo por comprar livros que me parecem interessantes (mesmo sem os conhecer ou ter qualquer tipo de feedback) ou que estão com uma promoção incrível e que me parecem ainda mais apelativos por esse motivo. Isto faz com que a minha wishlist continue a aumentar infinitamente, embora eu esteja sempre a comprar e ler livros novos. Ando a tentar contrariar um bocadinho esta minha tendência e comprar com algum critério, por isso, nos meus anos, aproveitei o desconto de aniversário da Wook, para comprar dois livros que estivessem na minha wishlist. Um desses livros é aquele que vos venho falar hoje e do qual já tinha ouvido tantas boas opiniões que não tive de pensar muito antes de o adicionar ao meu carrinho. 

Lá, Onde O Vento Chora, de Delia Owens, é um livro que nos mostra que somos formatados para sempre pelas crianças que fomos, pela infância que tivemos e que estaremos para sempre sujeitos aos maravilhosos, mas também violentos, segredos que a natureza encerra. Kya tem apenas seis anos de idade quando vê a mãe sair de casa, com uma maleta azul e sapatos de pele de crocodilo, para nunca mais voltar. À medida que todas as outras pessoas importantes na sua vida a vão igualmente abandonando, Kya aprende a ser autossuficiente: sensível e inteligente, sobrevive completamente sozinha no pantanal a que chama de sua casa, faz amizade com as gaivotas e observa a Natureza que a rodeia com a atenção que lhe permite aprender muitas lições de vida. O isolamento em que vive durante tantos anos acaba por influenciar o seu comportamento: solitária e fugidia, Kya é alvo dos cruéis comentários dos habitantes de Barkley Cove. E quando o popular e charmoso Chase Andrews aparece morto, todos os dedos apontam na direção de Kya, a miúda do pantanal. (adaptado de Wook)

Li este livro em julho e, por isso, talvez seja precoce afirmar que este livro é candidato a um dos favoritos do ano, mas a verdade é que eu o adorei. Para mim, foi uma daquelas leituras em que se começa devagar, mas depois acaba por atingir um ponto em que não dá para parar de ler. Kya é uma personagem absolutamente apaixonante, daquelas que nos conquistam o coração aos poucos, à medida que a vamos conhecendo melhor. Achei extraordinária a forma como a autora foi construindo a personagem dela, passando de uma menina frágil que foi abandonada por todos, para uma mulher que lutou pela sua sobrevivência, que cuidou de si própria e se tornou independente. 

Uma outra coisa que eu adorei neste livro são as descrições do pantanal e de toda a natureza envolvente. Adorei a forma como a autora dá um papel tão importante a toda a fauna e flora que rodeia a Kya e que é, na realidade, a sua família. A natureza, mais propriamente, o pantanal, acaba por ser também uma personagem desta história e uma das principais, com certeza. Acho que isso é algo verdadeiramente diferenciador neste livro e uma das coisas que o torna tão especial e único. 

E não poderia terminar esta review sem falar dos capítulos finais, que me deixaram coladíssima. Não sei precisar quantos capítulos li de seguida, mas sei que terminei o livro numa hora que me pareceram apenas minutos, de tão embrenhada que fiquei pela história. Só queria saber como tudo ia terminar e a verdade é que não imagino um final melhor. Delia Owens soube arranjar o final perfeito para esta história e para a Kya, sem desiludir, que é o que, por vezes, acontece com alguns livros que tinham tudo para ser incríveis, mas cujo final deixa muito a desejar. Neste caso, o final só tornou o livro ainda melhor!

Numa nota rápida sobre a adaptação cinematográfica deste livro, A Rapariga Selvagem, devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendida porque acho que é uma adaptação até consideravelmente fiel ao livro. É claro que há sempre cenas que ficam a faltar, outras cuja ordem cronológica é alterada, mas gostei de reconhecer várias das frases do livro no filme e achei que os atores escolhidos foram bem indicados para as personagens. Fiquei bastante satisfeita!

Já leram Lá, Onde o Vento Chora? O que acharam do livro? E o filme?