Desmistificar a Fisioterapia - Parte 1

novembro 27, 2020

Se me segues pelo Instagram e és uma pessoa atenta, sabes que sou estudante do 3ºano de Fisioterapia (em Coimbra). Há uns dias, abri uma sondagem nos meus instastories em que vos perguntei o que achavam de trazer um post em que esclareceria as vossas dúvidas/questões, mitos e suposições sobre esta área pela qual me tenho apaixonado mais e mais ao longo do curso. É uma temática diferente das que vos costumo trazer até aqui, mas achei que poderia ser uma ideia engraçada e até útil para quem desse lado gostar desta área e, quem sabe, quiser ingressar na Licenciatura. Vocês mostraram-se bastante recetivos à ideia - e eu agradeço-vos uma vez mais - e então abri um espacinho para me deixarem as vossas questões. 


No post de hoje, vou responder às questões que me colocaram e também desmistificar algumas coisas que se ouvem e que podem não corresponder exatamente à verdade. Vamos a isto!


O que te fez escolher esse curso?

Sendo muito sincera, eu não sabia exatamente ao que é que me ia candidatar até ter de o fazer realmente. Sabia que queria algo na área da saúde e tinha um leque de opções que me pareciam bem. Contudo, no momento da candidatura, foi Fisioterapia a minha escolha e acho que recaiu muito no facto de poder ajudar realmente as pessoas, de poder mudar a vida das pessoas com esta profissão. Depois de ter entrado no curso, ganhei ainda mais certezas da minha escolha. 


O que gostavas de fazer mais tarde? Abrir um local teu, trabalhar por conta de outrem?

Sinceramente, nunca pensei muito sobre isto. Acima de tudo, quero acabar o curso e começar a trabalhar para perceber qual a área com que mais me identifico. A Fisioterapia é um mundo de opções, com diversas áreas nas quais se pode trabalhar e acho que, antes de decidir se quero ou não abrir um espaço meu, quero perceber qual a área de que mais gosto.


Gostava que esclarecesses sobre as diferenças entre fisioterapia e osteopatia.

Resumidamente, a osteopatia foca-se no diagnóstico, tratamento, prevenção e reabilitação de disfunções musculoesqueléticas - ou seja, relacionadas com os ossos, músculos, tendões e ligamentos -, procurando essas disfunções e tentando restabelecer ao corpo um estado de equilíbrio. O principio chave desta prática é que o corpo funciona como uma unidade e que tem a capacidade natural de se autorregular e de se curar a si mesmo.

A Fisioterapia baseia-se também em muitos destes princípios, motivo pelo qual há muito mais semelhanças entre ambas as especialidades do que diferenças, o que faz com que muitos Fisioterapeutas também trabalhem como Osteopatas. As maiores diferenças residiam no facto de a Osteopatia olhar para o corpo como um todo e a Fisioterapia ainda estar muito focada no conceito médico, o que tem vindo a mudar, aproximando as duas. Além disso, são duas licenciaturas diferentes, sendo que a Fisioterapia se torna um bocadinho mais abrangente, podendo incluir, além do sistema musculoesquelético, os sistemas cardiorrespiratório e neurológico (entre outras áreas de intervenção). Relativamente ao tratamento, a Osteopatia usa muito mais a terapia manual, enquanto a Fisioterapia se vem focando cada vez mais no exercício e no movimento. 

Concluindo, são duas especialidades que se podem complementar na perfeição, sem que uma tire o lugar à outra. 


Achas que é uma profissão devidamente remunerada pelo público em geral?

Em termos de remuneração monetária, sinceramente, ainda não tenho uma opinião propriamente formada, sobretudo porque acho que depende muito da área e do contexto em que se trabalha, assim como da formação, como é óbvio. 

Relativamente ao reconhecimento público acerca da profissão, infelizmente, eu acho que ainda há muitas ideias erradas que derivam muito da prática existente em muitos locais que ainda não evoluiu e que não pode ser considerada a melhor prática baseada na evidência atual. Há muitos sítios que se regem pelos mesmos princípios que se regiam há 20 anos e isso não faz sentido porque a ciência evolui diariamente e os métodos que eram eficazes nessa altura, hoje podem ter sido provados como pouco eficazes. O facto de muitas clínicas por aí fora ainda não terem evoluído e continuarem a fazer Fisioterapia "em série" (que é fazer o mesmo a toda a gente, basicamente) faz com que a opinião do público em geral fique um pouco aquém daquilo que é a realidade das capacidades de um Fisioterapeuta. Contudo, acredito que aqueles que passaram por boas experiências, pelas mãos de bons Fisioterapeutas, têm a real noção do impacto que uma boa intervenção pode ter na vida de alguém.


Estas foram as quatro perguntas que me foram deixadas e espero ter respondido de forma clara e esclarecedora. Muito obrigada por terem contribuído para este post e por demonstrarem o vosso interesse.


Como podem ver pelo título, teremos uma segunda parte deste post em que vou, literalmente, desmistificar algumas coisas que se ouvem com muita frequência. Se ficaram interessados, continuem atentos!



1 comentário:

  1. Uma grande profissão e na minha opinião bastante valorizada. Tenho duas pessoas de família nessa área e admiro imenso o trabalho delas!

    Beijos e abraços.
    Sandra C.
    Bluestrass

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