"Tudo O Que Nunca Fomos" | Review

maio 20, 2024

Quando uma tragédia acontece, levando à morte dos seus pais, Leah torna-se praticamente um fantasma. Está destroçada. Já não pinta, não sorri, quase não fala... Apenas sobrevive. Axel é o melhor amigo de infância do irmão mais velho de Leah e promete-lhe acolhê-la em sua casa e cuidar dela enquanto o seu irmão estiver fora, a trabalhar. Além de recebê-la em sua casa, Axel quer ajudar a encontrar e a colar os pedaços da rapariga cheia de vida que outrora foi. Contudo, Axel não sabe que Leah sempre esteve apaixonada por ele, apesar de serem como família e da diferença de idades entre os dois... Até tudo mudar. 


Tudo O Que Nunca Fomos, de Alice Kellen, promete uma paixão proibida e um amor de tirar o fôlego. Tem mar, noites estreladas, discos de vinil dos Beatles, surf e pintura. Axel e Leah percebem que, por vezes, basta um deixa acontecer para ter tudo... Pelo menos, até ao dia em que tudo se transforma em nada. 



À parte do romance à volta do qual gira este livro, eu diria que o luto e a forma como cada pessoa lida com o luto é o principal tema deste livro. Encontramos diversas personagens, todas a lidar com a perda de duas pessoas bastante importantes nas suas vidas, à sua maneira, de formas diferentes. O facto de a autora trazer essas diferentes facetas do luto é, na minha opinião, bastante importante, porque acho que pode ajudar alguém que tenha passado pela perda de alguém importante. Embora o tema não seja demasiado aprofundado, acho também que não é tratado de forma leviana e existem algumas reflexões importantes sobre a morte que eu achei bastante interessantes e bonitas.


A história de amor deste livro surge, justamente, quando duas pessoas que lidam com o luto de formas bem diferentes se aproximam e se ajudam mutuamente, muitas vezes, sem terem consciência disso. É ao tentar trazer Leah "de volta à vida" que Axel se apaixona por ela, enquanto juntos superam a perda dos pais de Leah. De certa forma, foi através do amor e de se permitir voltar a sentir todas as emoções que Leah conseguiu "ultrapassar" e lidar com a morte dos seus pais.


Não sinto que esta história me tenha conquistado logo nos primeiros capítulos, mas foi-me conquistando aos poucos, há medida que Leah ia "voltando" a si e que Axel se foi dando a conhecer. É um livro com uma história bastante previsível, onde rapidamente percebemos qual o fim para a relação do Axel e da Leah, mas o que me fez realmente gostar do livro foi ver a evolução e o crescimento da Leah. Para mim, isso é realmente o fator especial e distintivo deste livro e gostava que, em alguns momentos, houvesse um maior foco da autora nessa evolução, em vez de o foco estar tanto na relação e ao invés de em, determinados momentos, a personagem ser descrita de forma mais "infantil" do que efetivamente é. 



Gostei muito da escrita da autora, acho que ela usa as palavras de uma forma mesmo bonita, o que resulta em passagens e excertos dos quais gostei realmente muito. O ritmo da história é bom, mas nunca senti que me tivesse deixado sem fôlego ou ansiosa para desvendar o que aconteceria de seguida e senti um bocadinho falta de um plot twist ou de um momento mais surpreendente. Ainda assim, acho que é uma história bonita e um livro que se lê super bem. Não se tendo tornado um favorito, ainda assim fiquei com curiosidade para conhecer o desfecho desta história, motivo pelo qual não demorei a ler o segundo livro (cuja review chegará aqui ao blogue a seu tempo).

Acho que é um bom livro de romance, que toca nalguns temas mais sérios e profundos e com uma escrita bastante bonita. Recomendo para os fãs deste tipo de livros, que não se importam de ter uma história mais previsível. 

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