Sobre tomar decisões difíceis

No início de maio, entreguei a minha carta de demissão. Hoje, entro na minha última semana de trabalho no sítio onde trabalhei durante o último ano e oito meses. E a sensação é um misto entre alívio, felicidade e nostalgia. 

O processo até entregar a carta foi de muitas (in)decisões e ansiedades, mas lá decidi que era o momento certo, respirei fundo e ganhei coragem de entregar a minha carta de demissão do meu primeiro emprego. Não é, de todo, uma forma de ingratidão ou de "cuspir no prato onde comi", mas tinha medo que fosse vista dessa forma, talvez por isso me tenha custado tomar esta decisão e eu tenha ficado tão ansiosa com isto.

Há já algum tempo que tinha esta vontade de mudar. Há muitos meses, na verdade, mas nos últimos tempos tem aumentado o meu descontentamento, a minha desmotivação e o meu cansaço e, com isso, a minha vontade de mudar. Sentia que já não ia trabalhar com vontade, as horas custavam a passar, não me sentia a dar o melhor de mim e passava o tempo a sentir-me frustrada com tudo. Então, num laivo de coragem, decidi começar a enviar currículos. E daí até agora, foi uma catadupa de acontecimentos com muita ansiedade à mistura, mas que eu sei que me vão trazer alívio e sensação de realização. Fiz o que precisava de fazer, o que é o certo para mim, neste momento, até porque agora é o tempo de arriscar.


Não foi fácil. Como disse, foram semanas desgastantes, cansativas, de muita ansiedade. Sou uma pessoa de rotinas, que gosta de estar na sua zona de conforto e tudo o que implica mudar me provoca ansiedade. Fui gerindo tudo isso sozinha, comigo própria. Assumo que muitas vezes engoli o choro, respirei fundo com a sensação de que nunca nenhum ar era suficiente, tive dores de cabeça provocadas pelo stress e a ansiedade, dormi mal... Tudo isso eram sinais do meu corpo a avisar-me de que precisava mesmo de mudar, apesar de a minha cabeça ainda não ter aceitado a 100%.

O sítio onde trabalhei durante quase dois anos não é perfeito - muito pelo contrário, tem muitos defeitos, muitas coisas que estão erradas e que correm mal e é por isso que vou mudar -, mas foi o meu primeiro emprego, as pessoas que me deram a mão quando cheguei "fresquinha" ao mercado de trabalho, que me ensinaram muito do que sei hoje. Aprendi imenso com as centenas de pessoas (todas diferentes) que me passaram pelas mãos, aprendi muito com os meus colegas de trabalho, criei muitas boas memórias, ganhei muitas histórias engraçadas para contar, fiz amigos e levo daqui muitas lições - do que está certo e também do que não está, do que quero e do que não quero. Vou embora com certezas do que é melhor para mim, mas sabendo que vou ter saudades (apesar de reclamar muito todos os dias).

Esta semana vai ser dura, porque vai ser uma mistura de "só quero que o tempo passe" com "quero aproveitar cada segundo com estas pessoas", porque sei que fiz o melhor para mim, mas também sei que me vai custar ir embora. Levo no coração cada uma das pessoas que fez com que todo este tempo fosse mais fácil de passar, com que todas as coisas más parecessem menos más, com que cada turno passasse rápido porque nos ríamos muito e conversávamos muito. Sei que algumas das pessoas vão ficar sempre no meu coração e que são elas o melhor que levamos da vida.

Com tudo isto, aprendi muitas coisas, mas eis uma das lições mais importantes que levo: nem sempre aquilo que é o melhor para nós, é a decisão mais fácil de tomar. No início, pode custar, mas levar-nos-á a um destino bonito.

1 comentário:

  1. "nem sempre aquilo que é o melhor para nós, é a decisão mais fácil de tomar. " tão verdade. Desejo-te toda a sorte no mundo nesta nova etapa.🤍

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