"Antes da Despedida" | Review
Antes da Despedida é o quarto livro da série Antes Que o Café Arrefeça, de Toshikazu Kawaguchi. Voltamos ao café mais famoso do mundo, em Tóquio, onde as histórias mais emocionantes acontecem. O Funiculi Funicula é um café que permite aos clientes viajar no tempo para fazer as pazes com o passado. Diante de uma chávena café bem quente, os clientes podem viajar ao passado e reencontrar entes queridos que já partiram, perdoar pessoas que deixaram para trás, e depois regressar ao presente em paz. Mas as viagens têm regras e tudo tem os seus riscos. Neste quarto livro, conhecemos quatro histórias: a de um marido que deixou algo muito importante por dizer, a de uma mulher que não conseguiu despedir-se do seu cão, a de uma rapariga que não conseguiu dizer que sim a um pedido de casamento e a de uma filha que fez o seu pai afastar-se. De que forma podemos resolver as coisas que deixámos em aberto no passado, sem alterar o presente? Pode uma pequena mudança na história que ficou para trás alterar completamente o modo como olhamos para a nossa vida no presente?
Li o primeiro livro desta série há alguns anos e adorei a premissa: diferente, emocionante e cativante. As histórias aparentemente soltas pareciam todas ter algum tipo de ligação e havia lições a retirar de cada uma delas. Continham emoções fortes, faziam-nos refletir e mexiam connosco. Comecei o segundo livro com medo que não me trouxesse nada de novo, mas acabei a gostar bastante: tínhamos agora Miki a completar o lote de "personagens habituais" do café e novas histórias. O terceiro livro já não me conquistou tanto e, talvez por isso, tenha começado este quatro livro sem grandes expetativas - baseada mais numa certa "teimosia", do que em real vontade de o ler.
Parece que não me enganei, infelizmente. Fiquei bastante desiludida com este livro: apesar da premissa continuar lá, sinto que as histórias já não são tão interessantes como nos livros anteriores, parece que o autor ignorou coisas que aconteceram em livros anteriores relativamente às personagens centrais da história (como se o Nagare e a Kazu, personagens essenciais desde o primeiro livro, não passassem de meros personagens secundários que fazem a história rolar) e mesmo a escrita não me soou tão cativante, como se fosse meio "oca". Deixa-me triste que uma premissa com tanto potencial se tenha vindo a degradar ao longo dos livros - talvez o autor (ou a editora, não sei) esteja a querer fazer "render o peixe" demasiado, acabando por estar a perder a sua real essência. Este livro não acrescentou nada de novo e, além disso, não foi capaz de passar uma mensagem, como aconteceu nos dois primeiros livros.
Não sei se está nos planos haver um quinto livro e, se houver, sequer se quererei lê-lo. Contudo, se houvesse, acho que a premissa teria de mudar um bocadinho e passar o foco dos clientes para os funcionários do café: conhecer melhor a história de Nagare e a forma como ficou a sua vida com a morte da mulher e o nascimento da filha; conhecer a história de Kazu e do fantasma do café, que é a sua mãe; e até, quem sabe, conhecer melhor a história do café em si, como surgiu. Acho que isso poderia ser interessante e fazer-me querer ler mais um livro desta série.
Por tudo o que disse em cima, infelizmente, não é um livro que eu recomende. Fico triste por ser assim, porque gostei mesmo dos dois primeiros livros, mas acho que isto acaba por acontecer (mais do que deveria) quando os autores tentam prolongar demasiado as histórias "porque sim" ou porque estão a ter sucesso. Se alguém desse lado tiver lido este livro, digam-me se concordam comigo ou se, por outro lado, até gostaram deste livro.
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