"Crónicas da Escolhida" | Review

junho 30, 2025

As Crónicas da Escolhida são uma trilogia de Nora Roberts que nos leva a um cenário distópico e nos traz alguma fantasia no meio da realidade. No primeiro livro, O Primeiro Ano, vivemos o início do Flagelo - uma pandemia mortal que começa numa fria véspera de ano novo, na zona rural da Escócia. A doença surgiu repentinamente e disseminou-se rapidamente. Poucas semanas depois, a rede elétrica falhou, os governos começaram a colapsar e mais de metade da população mundial foi dizimada. Enquanto as pessoas adoecem e morrem num espaço de poucos dias, o terror e a loucura estendem-se por todo o planeta. Contudo, entre as ruínas e o caos, é possível encontrar uma centelha de esperança num grupo de sobreviventes, aparentemente imunes ao vírus, que inicia uma viagem em direção ao desconhecimento. Ninguém sabe como terminará, nem se haverá sobreviventes. A única coisa que sabem é que alguns deles desenvolveram estranhos poderes que talvez os possam ajudar a encontrar uma nova ordem. Porque, se o mundo antigo chegou ao fim, o que se segue é um novo começo.



Embora eu seja grande fã de distopias, fantasia não é algo que eu leia habitualmente, por isso comecei a leitura de pé atrás. O início deste primeiro livro foi, para mim, difícil de digerir. Havia algo de muito familiar nos relatos da pandemia, no caos... E que parece extremamente atual no mundo em que vivemos. Aos poucos, fui-me familiarizando com a história e os personagens, fui ficando cada vez mais embrenhada e curiosa. E acabei por gostar muito deste primeiro livro, o que foi uma bela surpresa. É um livro "pesado" em alguns momentos, trata temas, por vezes, delicados, mas também nos presenteia com uma bonita imagem do que é o amor, a amizade, a esperança e de que como podem ser tão importantes e poderosos quando se luta com um inimigo tão maior que nós. Mas este livro é só o começo e, por isso, fiquei em pulgas para começar logo o segundo e descobrir como se desenrolaria a nova fase da história.


No segundo livro, A Profecia, acompanhamos o crescimento de Fallon Swift, a Escolhida. Fallon não tem memórias do mundo que existiu antes do Flagelo. Depois de a pandemia ceifar milhões de vidas, as cidades foram destruídas e gangues de criminosos e fanáticos religiosos ainda continuam a percorrer as estradas à procura das suas próximas vítimas. Ninguém está a salvo, muito menos os que desenvolveram poderes mágicos. Prestes a completar 13 anos, Fallon sabe que se aproxima o dia em  que sua identidade como a Escolhida será revelada. A partir desse dia, treinará na floresta sob a orientação do feiticeiro Mallick e aprenderá curas antigas e técnicas de lutas, conviverá com fadas, elfos e metamorfos, e precisará de descobrir dentro de si um poder que nunca imaginou possuir. Quando o momento chegar, Fallon terá de trazer ordem ao caos e cumprir a sua missão. Há uma guerra latente entre o bem e o mal e só a Escolhida poderá salvar a Humanidade.



Já embrenhada na história, a leitura deste segundo livro foi muito mais fácil. Vamos percebendo melhor a dimensão do poder da Escolhida e testemunhando o seu crescimento e a sua evolução. Há momentos em que quase é fácil esquecermo-nos de que se trata apenas de uma criança, mas que tem o peso do mundo nos seus ombros. Gostei muito de algumas descrições deste livro e confesso que quase fiquei com vontade que houvesse filmes ou uma série televisiva destes livros porque acho que daria cenas de ação muito boas. Também gostei da forma como vamos testemunhando alguns dos dilemas de Fallon que, por um lado, pensa como uma guerreira e uma líder, mas que, no fundo, é também uma adolescente e uma filha, irmã, amiga... Esse lado da história também é interessante e acho que a autora conseguiu criar um bom equilíbrio entre os dois.


Por fim, no terceiro livro, A Ascensão da Magia, percebemos melhor do que nunca que o futuro da Humanidade está nas mãos de Fallon Swift. Ela sabe que não pode falhar: tem de ser implacável e utilizar todas as suas capacidades para caçar os que ameaçam o seu povo. Ela já não pode ficar em silêncio, à espera, enquanto os que têm poderes mágicos são perseguidos por fanáticos como os Guerreiros da Pureza ou aprisionados e objetos de experiências pelo governo. Fallon tem de seguir o seu destino para restaurar o escudo mágico que outrora os protegeu a todos. Mas não pode fazê-lo sozinha. Juntamente com Duncan, um jovem guerreiro e líder nato, Fallon deve ajudar aqueles que salvou a redescobrir a luz e a esperança. Chegou o momento de construir o seu exército, enfrentar a sua némesis e derrubar o inimigo. Ela aprendeu a lutar. Agora tem de restaurar a luz e banir as trevas.



Este livro leva-nos aos maiores confrontos entre as Trevas e a Luz, onde vemos, aos poucos, Fallon começar a conseguir construir o mundo que deseja. Mais uma vez, as batalhas pareceram-me dignas de serem transformadas em filme, porque acho que dariam cenas absolutamente incríveis. Houve momentos em que o meu coração ficou bem quentinho, outros em que ficou completamente despedaçado, mas eu gostei muito deste terceiro livro. Acho que só não dei 5 estrelas porque desejava que o final tivesse sido mais desenvolvido, que pudéssemos ter visto um pouco mais do "depois" - mas isto sou eu, que adoro finais felizes e gosto sempre de saber como tudo acaba. Outra coisa que gostei neste livro foi que algumas reflexões que a Fallon vai fazendo podem ser adaptadas ao nosso mundo e aos dias de hoje, fazendo-nos refletir sobre como algumas pessoas fazem tudo o que puderem para manipular os outros e chegar ao poder.


Concluindo... Esta saga surpreendeu-me muito mesmo! Apesar de ser fã de distopias, não costumo ler muita fantasia e por isso comecei muito de pé atrás, mas rapidamente fui "sugada" para este mundo pós-Flagelo e as personagens foram-me cativando cada vez mais. Gostei imenso e sem dúvida que recomendo se gostarem deste tipo de livros ou se quiserem começar a ler fantasia, porque acho que não é uma fantasia muito "agressiva" para novatos. 


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