"Apesar do Sangue" | Review

junho 23, 2025

Apesar do Sangue é o terceiro livro de Rita da Nova. Nele, conhecemos as histórias de Glória, Pedro, Helena e Eduardo, entrelaçadas umas nas outras e marcadas por feridas profundas. Glória está a envelhecer e, na tomada de consciência de que o fim pode estar para breve, é no neto que recaem todas as suas preocupações. Quem vai cuidar de Pedro, o rapaz que todos escolheram abandonar? 

Com uma narrativa carregada de sensibilidade, encontramos um enredo não linear em que todas as personagens têm direito a fazer-se ouvir: Glória, a avó que aguenta todas as tempestades da família; Helena, a mãe que abandona o filho; Eduardo, o padrasto que já não é, mas que nunca a esqueceu a criança de quem cuidou um dia. E Pedro, o elo que os une: o rapaz que todos rejeitaram, que ninguém soube amar sem prazo e que, em breve, pode precisar desesperadamente de uma nova oportunidade.



Sigo a Rita há muito tempo no blogue e no Instagram e, embora de forma não muito assídua, vou acompanhando os seus podcasts. Sem a conhecer pessoalmente, gosto muito da forma como ela fala de livros e adoro acompanhar o trabalho dela. Por isso, foi fácil para mim decidir que queria ler os seus livros. Comecei com As Coisas Que Faltam (opinião aqui), que me surpreendeu logo pelo facto de as personagens serem tão humanas que podiam ser alguém que eu conheço realmente; depois apaixonei-me completamente por Quando os Rios Se Cruzam (opinião aqui), pela história cativante que me fez viajar até Turim; e quando a Rita anunciou que ia lançar Apesar do Sangue, comprei-o logo em pré-venda porque sabia que tinha de o ler.


Assim que chegou cá a casa, propus-me lê-lo num só dia (inclusivamente gravei um reels, que podem ver aqui) e cumpri o objetivo com relativa facilidade, porque chega a um ponto da história em que é impossível parar. Adorei este livro da Rita e foi uma leitura maravilhosa. Acho que a escrita da Rita só melhora a cada livro que escreve e as personagens são todas incríveis. Das coisas que eu mais gosto na escrita da Rita é ser simples e acessível sem ser banal e conseguir construir personagens reais, humanas, com defeitos e qualidades, com que conseguimos empatizar, mesmo quando fazem coisas menos boas. Isso voltou a acontecer-me com este livro e eu acho que isso é uma das grandes características diferenciadoras da Rita: criar personagens com que nos conseguimos ligar de tal maneira que sofremos com elas.



A Glória conquistou-me o coração pela sua sinceridade e personalidade forte e direta, contrabalançada pela necessidade de dar de si aos outros, de cuidar dos que mais precisam de si, dando-lhes espaço sem nunca se afastar. A Helena criou-me sentimentos muito dúbios, porque tanto me irritava com os seus comportamentos, como a seguir me fazia sentir empatia com ela porque percebia que não era realmente uma má pessoa, apenas tinha feito algumas escolhas menos boas. O Eduardo enterneceu-me pela forma como foi entrando no coração do Pedro, como lhe foi mostrando que podia confiar nele, como deu o melhor de si para poder dar uma família ao Pedro, apesar de tudo. E o Pedro fez-me querer abraçá-lo e dizer que tudo ia ficar bem, que a sua vez de ser feliz ia chegar e que, mesmo que ele não acredite, há quem goste muito dele e esteja disposto a tudo para o proteger.


Acabei o livro em lágrimas. Foi bonito e triste ao mesmo tempo. Entrou-me no coração de uma maneira que dificilmente me vou esquecer deste livro. Sem dúvida, um candidato a favorito do ano! Se ainda não conhecem a escrita e os livros da Rita, recomendo muito porque acho que não se vão desiludir.

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