"O Último Papa" | Review

Há alguns livros que me cativam simplesmente pelos temas que abordam, porque há temas que, naturalmente, me interessam mais do que outros e isso acontece sobretudo com coisas que desconheço ou com acontecimentos que não vivi: como o Holocausto ou a Ditatura Salazarista ou, no caso do livro de que venho falar hoje, o Vaticano. Este é, provavelmente, o local mais "sagrado" do Mundo, é a residência do Sumo Pontífice e, além de ser um local que nunca visitei, parece estar envolto numa aura de misticismo e ter uma energia muito própria (é o que eu acho). Juntar isso a teorias da conspiração, a máfia e crime, pareceu-me a combinação perfeita e um dos motivos que me levou a comprar este livro - o facto de estar com 50% de desconto ajudou muito, assim como o facto de ter sido o primeiro livro português no top do New York Times. 

O Último Papa, de Luís Miguel Rocha, é um policial e thriller que nos leva a viajar entre os anos de 1978 e 2006. A 29 de Setembro de 1978, o mundo acorda com a chocante notícia da morte do Papa João Paulo I, eleito há apenas trinta e três dias. O Vaticano declara que Sua Santidade morreu de causas desconhecidas e que o corpo será embalsamado dentro de vinte e quatro horas, impossibilitando qualquer autópsia… Em 2006, a jornalista Sarah Monteiro recebe na caixa de correio um envelope com uma lista de nomes que não conhece e uma mensagem codificada. Inicialmente, Sarah fica apenas confusa, mas depois de a sua casa ser assaltada percebe que aquela lista a coloca em perigo. O conteúdo do envelope revela um mundo de corrupção que a jornalista nunca imaginara e ajuda a descobrir a verdade sobre a misteriosa morte de João Paulo I. Arrastada para uma realidade em que mercenários implacáveis, políticos corruptos e membros da Igreja conspiram com o mesmo propósito, Sarah terá de escolher entre contar ao mundo a verdade ou salvar a sua própria vida. (adaptado)

Nem sei bem por onde começar a falar deste livro, já que ele, para mim, foi um bocadinho uma montanha russa de emoções. No início, eu era dominada pela confusão - isto, durante vários capítulos. Acho que me custou um bocadinho entrar na história, porque, no começo, parecem tudo fragmentos soltos que não se conectam na nossa cabeça, mas, há medida que vamos avançando, as coisas começam, aos poucos, a interligarem-se e a começar a fazer mais sentido. Até meio do livro, seguramente, eu estava muito indecisa sobre se estava a gostar desta leitura ou não (até partilhei isso nas minhas histórias do Instagram). Sentia que não estava a perceber bem a história. Contudo, as peças foram-se ligando, a história foi-se desenrolando, a ação começou a escalar e eu fiquei tão envolvida que li a segunda metade do livro bem mais rapidamente que a primeira. Por isso, de uma forma geral, eu gostei muito desta leitura, mas não lhe dei 5 estrelas exatamente pelo facto de me ter custado um bocadinho a compreender as coisas e a entrar no ritmo. 

Para mim, o ponto mais forte deste livro e desta história é todo o mistério em que ela é envolvida, o facto de as coisas nem sempre serem exatamente aquilo que parecem, de estarem sempre a acontecer pequenas reviravoltas que nos fazem questionar o que vai acontecer a seguir. Adorei que tivesse momentos daqueles em que sustemos a respiração, como nos filmes de ação, e também momentos em que sabemos que podemos respirar com calma, mas não por muito tempo. Acho que o autor fez um trabalho brilhante em criar um novelo denso que se vai desenrolando lentamente até à última frase do livro, misturando crime, política, corrupção, religião. 

Antes de ler este livro, eu não conhecia o autor e não sabia o que esperar. Quando terminei este livro, fiquei com a certeza que vou ler mais do autor, até porque este livro é seguido de outros três, que constroem uma série sobre crimes relacionados com o Vaticano. Portanto, eu vou ter de comprar os próximos - a minha carteira é que não vai achar piada nenhuma! Resumindo e concluindo, acho que deu para perceber que este livro foi uma excelente surpresa e que, se gostarem deste tipo de livros, eu recomendo vivamente a sua leitura!