Usa o medo a teu favor! | Lições do Confinamento

setembro 18, 2020

Continuamos a viver no meio de uma pandemia (que parece ainda longe de chegar ao fim), mas é quase certo que não voltaremos a um confinamento e também é verdade que, aos poucos, o país tenta retomar a normalidade, dentro dos possíveis e com todas as medidas de segurança. As crianças/adolescentes/jovens estão a regressar às aulas, muitas pessoas já deixaram o teletrabalho e, aos poucos, o que se pretende é que tentemos retomar as nossas vidas, nunca esquecendo que continuamos a viver uma pandemia e que as medidas de higiene pessoal e de distanciamento social são para continuar a ser cumpridas à risca. Por tudo isto, achei que este era o momento indicado para repensar nos, praticamente, três meses de confinamento e para deles retirar algumas lições que possam ser importantes daqui em diante.


inúmeras reflexões que podem ser feitas, inúmeras lições que foram aprendidas, mas certamente cada um de nós as viveu de forma diferente e pessoal, pelo que cada um de nós tirou conclusões diferentes. Uma das lições mais importantes e que eu considero que será das mais úteis para mim em todo este "regresso à normalidade" é não deixar que o medo nos consuma e que nos paralise.

(Imagem e edição - Canva)

Não sei exatamente em que dia foi ou quanto tempo tinha passado, mas sei que estive quase dois meses inteirinhos sem sair de casa, porque eram os meus pais quem tratava das compras cá para casa, sobretudo a minha mãe, que nunca trabalhou a partir de casa. Contudo, ao fim de algum tempo (como já vos disse, não sei precisar, mas terá sido mais de um mês), fui eu quem saiu de casa para ir comprar umas coisinhas que eram precisas cá para casa. Lembro-me que o meu primeiro pensamento (sobretudo porque sou uma control freak) foi: como é que tudo se vai processar? Planeei mentalmente cada um dos meus passos desde que saí de casa até a voltar. E porquê? Maioritariamente, porque estava com medo de sair à rua. Achava que me ia tornar germofóbica, até. Nunca ninguém esperou que pudéssemos viver uma situação destas e, de um momento para o outro, estamos a viver aquilo que parece ser um filme apocalíptico, em que estamos fechados em casa. Quando saio pela primeira vez à rua, é óbviamente o sentimento de medo que domina


Contudo, eu percebi que o medo nem sempre funciona bem. Quero dizer, eu acho que, nesta situação que vivemos, termos um bocadinho de medo é bom, porque nos vai permitir estar sempre de sobreaviso, ter mais cuidados e protegermo-nos sem nos descuidarmos. Faz-nos estar alerta para o perigo e isso é bom. Porém, o medo em excesso em vez de ser um fator "motivador", que nos faz mexer para que aquela coisa que temos medo não aconteça, pode tornar-se num fator "paralisador". E quando o medo nos consome, nos paralisa, nos bloqueia, ele impede-nos de viver. Se eu me tivesse subjugado ao medo, após aquela primeira vez que saí de casa, acho que nunca mais teria querido sair. Contudo, eu percebi que o medo me fazia estar alerta e ser cuidadosa, mas que não o podia deixar controlar a minha vida. Teria de o usar a meu favor


É essa a lição que quero levar comigo, agora que estou prestes a regressar à faculdade. Quero levar uma dose q.b. de medo comigo, para me proteger e para proteger os meus, mas não vou deixar que esse medo me impeça de ir todos os dias, de conversar e estar com os meus amigos, de fazer as coisas que gosto com todas as devidas regras e precauções. 


Seja nesta situação, seja em qualquer outra da vossa vida, nunca deixem que o medo vos paralise. Não deixem que eles vos consuma a tal ponto que seja ele a tomar conta da vossa vida. E, se algum dia sentirem que isso está a acontecer, procurem ajuda nos que vos rodeiam ou até mesmo de profissionais. Esta situação que vivemos é complicada e, inevitavelmente, mexe com o nosso psicológico, contudo temos de continuar a viver a nossa vida, a fazer coisas que nos façam feliz e temos de tentar encontrar alguma "normalidade", mesmo que pareça que vivemos no meio do caos.

(Edição - Canva)



4 comentários:

  1. Devemos ter cuidados e adaptar as nossas rotinas, mas mantê-las dentro do possível.
    Noto que muita gente se acomodou ao teletrabalho ou ao "medo" de sair de casa.

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  2. Eu confesso que desde há algum tempo que sou uma pessoa que gosta de tentar viver para além do medo, por isso isto não foi bem uma lição que veio do confinamento. Mas ganhou novas dimensões, também me senti com muito medo quando saí a primeira vez de casa mas confesso que continuo tê-lo!
    Eu acho que devemos voltar às nossas rotinas e adaptarmo-nos, no entanto como alguém que tem de passar muitas horas em vários transportes públicos por dia é algo que me preocupa e penso que eventualmente teremos de fechar tudo (quero muito estar estar errada). Mas é como dizes não podemos nunca em nenhuma situação da nossa vida deixar que o medo nos domine e deixar que ele controle a nossa vida!

    Bom regresso às aulas Inês espero que corra tudo bem e beijinhos,


    Catarina Cardeira


    https://throughcathyseyes.blogspot.com

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    1. É isso, acima de tudo temos de usar o medo para nossa proteção e não como algo que pode ser-nos prejudicial. Muito obrigada! Espero que tudo corra bem contigo, também.
      Beijinhos

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