"Fahrenheit 451" | Review

junho 21, 2023

O livro que vos apresento hoje é um clássico de ficção científica com mais de sessenta anos de existência e eu acho que é um daqueles livros que toda a gente devia ler uma vez na vida, sobretudo todos aqueles que são apaixonados por livros. Estava na minha wishlist há imenso tempo e decidi aproveitar que tinha saldo no Wook para gastar e consegui comprar o livro por metade do preço - o que é sempre incrível para alguém que, como eu, adora pechinchas. Antes de o começar a ler, perguntei pelo Instagram opiniões de quem já tinha lido e o feedback que recebi foi muito bom, então comecei a lê-lo com as expetativas bem em alta



Fahrenheit 451, de Ray Bradburry, apresenta-nos uma visão distópica do mundo. Guy Montag é um bombeiro, mas não daqueles que conhecemos do nosso dia-a-dia. O seu emprego não consiste em apagar fogos, mas sim em ateá-los para destruir livros proibidos e as casas onde eles estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada e, no fim do dia, regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa nos programas televisivos e na sua "família" fictícia. Certo dia, Montag conhece uma excêntrica jovem de 17 anos, chamada Clarisse, que é sua vizinha, e é como se um sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando Clarisse desaparece, Montag lembra-se de um velho professor que conheceu um tempo antes e volta a procurá-lo. É então que este lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar e Montag apercebe-se subitamente do caminho de dissensão que tem de seguir. (adaptado de Wook)


Uma das primeiras coisas que pensei quando comecei a ler este livro é que há algumas coisas semelhantes ao 1984, de George Orwell (podem ler a minha opinião aqui), embora a base da história seja muito diferente. Tal como acontece em muitas distopias, nós vemos aqui um cenário de um mundo futurista aparentemente muito diferente daquele em que vivemos, mas quando refletimos bem sobre o assunto e sobre as mensagens escondidas nas entrelinhas, percebemos que há sempre determinados pontos que não são assim tão diferentes da nossa realidade, apenas estão um pouco exagerados ou distorcidos. 


Na história que Ray Bradburry nos conta, os livros foram aniquilados da vida das pessoas e todo o tipo de conhecimento mais intelectual foi reduzido ao mínimo e todo o foco das pessoas está na futilidade e na superficialidade dos programas televisivos que veem todos os dias. A tecnologia ultrapassou tudo o que era fonte de conhecimento no passado, os livros, as revistas, a rádio, e as pessoas vivem sem pensar, sem refletir, uma vida apática em relação ao mundo que as rodeiam, sem qualquer tipo de propósito ou noção da realidade. E Montag vivia exatamente desse modo até conhecer uma adolescente que via o mundo com olhos de ver, que reparava nas pequenas coisas, que parava para pensar em coisas que os adultos já não pensavam e que o fez pensar um pouco também. - É aqui que pensamos: será que esta realidade utópica está tão distante assim dos dias de hoje, onde ouvimos tantas vezes falar de que as pessoas lêem pouco e de que a tecnologia (nomeadamente a inteligência artificual) está a evoluir a um ritmo absurdo?


Achei particularmente interessante perceber como esta mudança que Montag sofreu o transformou de tal maneira que ele deixou de se conhecer a si mesmo, deixou de saber como agir, como viver aquela vida que, até àquele momento, era algo totalmente normal para si. E é isso que desencadeia tudo aquilo que ele faz de seguida para tentar acordar as pessoas que vivem à sua vida para a realidade e mudar o mundo. Não vou dar spoiler, porque acho mesmo que deviam ler este livro, mas posso dizer que, além de ser um livro curtinho e que se lê rápido, é um livro que nos faz refletir sobre imensas coisas diferentes, incluindo sobre a nossa própria sociedade de hoje em dia. Faz-nos pensar sobre o peso que a tecnologia hoje em dia ocupa nas nossas vidas, sobre a preferência que lhe damos a tudo o que é físico e material e também sobre a forma como ela está evoluir e o que isso pode significar para nós no futuro.


Acho que já perceberam que gostei imenso desta leitura e que recomendo vivamente. Apesar de ter sido escrito há tantos anos, este livro toca em temas que continuam a ser pertinentes na nossa sociedade. 

Acerca do filme, lançado pela HBO em 2018, eu decidi que queria ver, mas ao fim de 20 minutos desisti, porque, apesar da história base ser a mesma, há muita coisa super alterada e eu acho que isso retirou um pouco a essência da história. Eu estava sempre, inevitavelmente, a comparar o filme com o livro e não estava a conseguir aproveitar o filme, então deixei de ver. Talvez se tivesse visto o filme primeiro depois o choque não fosse tão grande, mas acho que ia ser sempre algum porque há componentes da essência do livro que foram tão alterados para o filme que estragaram um bocadinho a história - mas esta é só a opinião de quem viu 20 minutos de filme.


Já leram este livro? E viram o filme? O que acham de ambos?

2 comentários:

  1. É o único das três grandes distopias que ainda não li, uma grande falha minha. Já o tenho cá em casa para aí há uns 4 anos mas nunca lhe pego. Não sei porquê, sei que vou gostar imenso, de certeza

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