A fisioterapia escolheu-me

maio 31, 2022

Eu acho que uma das fases mais stressantes e de maior ansiedade da nossa vida é quando temos de decidir o que queremos fazer do nosso futuro. Se já é difícil ter de optar pelo curso que queremos fazer no secundário, é ainda mais difícil tomarmos uma decisão sobre qual o curso em que queremos ingressar no ensino superior. Esta é uma decisão com um caráter muito definitivo (embora não tenha necessariamente de o ser) e que tem um peso muito grande, por isso está geralmente envolta em stress, ansiedade e até alguma angustia por não sabermos se estamos a tomar a decisão certa (isto, se houver uma decisão certa).


Por esta altura, a preocupação do que escolher para o futuro já deve andar a passear nas cabeças de muitos estudantes que estão prestes a terminar o secundário e, por isso, a primeira mensagem que vos quero transmitir com este post é: está tudo bem se não souberem o que querem, se gostarem de muitas coisas diferentes, se não se virem a fazer uma mesma coisa para o resto da vossa vida. Eu passei por tudo isso. Não sabia exatamente o que queria fazer no meu futuro, porque sempre gostei de muitas áreas diferentes e porque a ideia de fazer a mesma coisa para o resto da minha vida era algo que me assustava (e ainda assusta, de certo modo, mas hoje percebo que as coisas podem não ser bem assim). Está tudo bem em ter dúvidas e incertezas. Não estão sozinhos nessa batalha.


Durante todo o meu secundário, eu não sabia nada do que queria para o meu futuro. Só por volta do 12ºano é que comecei a perceber que queria algo relacionado com saúde, mas nem sequer sabia bem o quê. Depois, comecei a perceber que queria ter contacto com o público - embora a investigação tivesse sido uma grande opção para mim até um dado momento. Na verdade, só escolhi o que queria no dia que me candidatei e, mesmo assim, não tinha certezas: preenchi 6 opções diferentes, embora todas na área da saúde. Se foi um risco? Sim, porque podia calhar num curso que viria a perceber que nada tinha a ver comigo, mas tive sorte. Ou não. 



Se calhar não fui eu quem escolheu fisioterapia, foi fisioterapia quem me escolheu a mim. Talvez esta seja uma visão romântica da coisa, mas a verdade é que eu sempre pensei na fisioterapia como uma opção, mas nunca como uma certeza. Coloquei-a em primeiro lugar porque me pareceu aquela que ia mais ao encontro da minha personalidade e das coisas que eu gosto: de ajudar os outros, de ter contacto com pessoas e de saúde. Contudo, não sabia se era realmente aquilo que eu queria. Mas tive todo um verão para pensar sobre o assunto e no dia em que saíram o resultado das colocações, a única coisa em que eu conseguia pensar era que não queria outra coisa se não fisioterapia. E consegui. 


Quase 4 anos depois, sei que fiz a escolha certa. Não sei se foi sorte, intuição ou qualquer outra coisa, mas sei que vim parar a um curso que me vai permitir ter uma profissão com a qual me identifico muito, na qual vou poder crescer e aprender diariamente, onde vou poder fazer muitas coisas diferentes e trilhar o meu próprio caminho. A partir daqui, mais uma vez, ainda é tudo muito incerto. Que área quero? Onde quero trabalhar? Que mestrado ou pós-graduação vou tirar? Quando? Não tenho resposta para nenhuma destas perguntas, mas estou tranquila com isso, porque sei que as respostas chegarão a seu tempo e tudo fará sentido.


Por isso, se tu estás quase a decidir o que queres do teu futuro, a minha mensagem para ti é: ouve essa vozinha que tens dentro de ti, segue o teu coração e vê onde ele te leva. Não escolhas uma determinada profissão só porque achas que te vai dar mais dinheiro ou estabilidade. Escolhe um futuro onde te vejas a ser feliz. E deixa-te surpreender pelas voltas que a vida dá. As respostas que precisas chegarão no seu próprio timing e tudo fará sentido.




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