"A Rapariga da Cabana" | Review

setembro 06, 2023

Eu gosto quando um livro me surpreende. Gosto quando a cada página sou apanhada desprevenida por mais uma revelação ou por mais um plot twist inesperado. Também gosto muito dos clichés, mas gosto de sair da minha zona de conforto de vez em quando e de ser agradavelmente surpreendida. Thrillers não são um género de livro que leia regularmente, mas os que li até agora foram sempre surpreendentes e gostei de todos. Aquele de que vos venho falar hoje foi-me oferecido nos anos pela minha mãe e eu não tinha nunca ouvido falar dele, então tinha zero expetativas e feedback de outras pessoas sobre o livro. Não comecei muito entusiasmada, confesso, porque me pareceu algo demasiado obscuro, mas, quando dei por mim, estava completamente absorvida pela história



A Rapariga da Cabana, de Romy Hausman, começa quando uma mulher consegue fugir do cativeiro em que a têm mantido, mas aquilo que parece o final da história é, na verdade, o princípio do seu pesadelo. Diz chamar-se Lena, como a rapariga desaparecida catorze anos antes, e até tem uma cicatriz igual à dela, mas o pai de Lena garante que aquela mulher não é a sua filha. Com ela, escapou também Hannah - uma menina pequena e frágil -, cujas palavras indiciam que algo de muito grave aconteceu numa cabana isolada. Entretanto, o pai de Lena, devastado com toda a situação, procura juntar as peças deste estranho puzzle, mas elas parecem não encaixar. Por sua vez, a mulher que fugiu só quer poder recomeçar a sua vida, no entanto, algo lhe diz que quem a capturou quer de volta aquilo que lhe pertece... (adaptado de Wook)


Como já perceberam, eu adorei este livro. Dei-lhe 5 estrelas no Goodreads e acho bem provável que entre para o top de favoritos de 2023, porque foi uma leitura mega surpreendente, completamente mind-blowing. Neste tipo de livros, eu acho que temos sempre a tendência de tentar ir adivinhando o fim, descobrir quem é o verdadeiro culpado e todas essas coisas, mas eu fui completamente apanhada de surpresa. Nada do que eu tinha imaginado estava correto e nunca tinha pensado naquilo que acabou por se revelar verdade. Na parte final, senti-me como se estivesse a suster a respiração, tal a intensidade das cenas finais e das grandes revelações. Só mesmo no fim é que tudo fica esclarecido e isso é algo de que eu gosto muito.



A história que este livro conta é, em alguns aspetos, verdadeiramente horrível, porque nós somos levados a imaginar o tormento que aquela mulher passou, as coisas verdadeiramente terríveis que aconteceram, a humilhação a que esteve sujeita. A par disso, existem duas crianças que sempre viveram em cativeiro e que acham que aquela vida é completamente normal, que todas as outras pessoas é que estão erradas - o que é muito assustador. E eu acho que tudo isto se torna ainda mais horrível quando pensamos que, na nossa sociedade, há pessoas que podem já ter passado ou estar a passar por coisas semelhantes. É inevitável que este livros nos façam questionar sobre a maldade do ser humano, a perversidade, a capacidade de magoar os outros para satisfazer os seus caprichos e vontades - e eu acho que isto também é um ponto a favor deste livro. Trata de um tema duro e sensível sem o banalizar.


Gostei mesmo muito deste livro e recomendo vivamente, mesmo que não sejam o tipo de pessoa que habitualmente lê thrillers.


Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.