Inclusão: de todos para todos

julho 11, 2022
Terminado o último estágio da licenciatura, faz-se um balanço do que se aprendeu e do que se ganhou. Felizmente, aprendi muito e cresci muito, mas talvez a mensagem mais importante que levo deste estágio seja a importância da inclusão e é disso que vos venho falar hoje.



 
Para quem não sabe, eu estive, durante os últimos 2 meses, a estagiar na área da Fisioterapia Pediátrica e, por isso, tive contacto com muitas crianças com patologias e condições muito diferentes umas das outras, algumas mais graves, outras mais ligeiras, a maioria do foro neurológico. Antes de começar o estágio, eu achei que a minha maior dificuldade seria ter estofo emocional para lidar com crianças que, claramente, têm a sua vida condicionada pelas limitações que têm. Achei que não ia saber lidar com o facto de haver crianças que não podem ter uma infância "normal" devido às patologias que têm. Achava que Pediatria não era para mim. 

Bem, continuo a achar que Pediatria talvez não seja o caminho que eu quero seguir, mas termino este estágio com a certeza de que se, um dia, tiver de tratar uma criança, já não vou estar completamente perdida ou em pânico sobre o que fazer - e que sei para onde e para quem a devo encaminhar. Contudo, aprendi que, quando lidamos com crianças, tenham elas a patologia que tiverem, tenham elas um quadro mais ou menos grave, a única coisa que precisamos de fazer é de tratá-las como crianças, porque é isso que elas são. Crianças como todas as outras - apenas tiveram o "azar" de nascer ou de adquirir uma patologia que lhes impõe algumas limitações e restrições. 

Eu deparei-me com crianças com lesões degenerativas graves, sem movimentos voluntários/ativos, que não falavam e que nem tínhamos a certeza se tinham consciência do sítio onde estavam, mas a forma como vi lidar com elas e como aprendi a fazê-lo é muito simples: tratá-las como crianças que são. Falar com elas, brincar com elas, tentar arrancar-lhes sorrisos. Porque elas não são aquela doença ou aquele corpo com alguma alteração. Elas são crianças. Ponto.

Tenham doenças neurológicas ou não, tenham alterações graves ou não, tenham uma longa esperança de vida ou não, todas elas são crianças como as outras, com sentimentos e uma personalidade, que tudo o que querem é sentir-se normais, é sentirem-se crianças e ter uma infância. E cabe-nos a nós, terapeutas, e a todas as pessoas que contactam com essas crianças (familiares, professores, profissionais de saúde) dar-lhes alguma "normalidade", se é que esse conceito existe. Cabe a todos nós dar-lhes uma infância feliz. É da responsabilidade de toda a sociedade fazê-los sentirem-se incluídos. 

E a inclusão é muito mais do que ter rampas no acesso aos edifícios ou explicar às outras crianças que aquela criança é igual a elas. Inclusão é permitir que todas as crianças possam brincar, possam participar nas atividades realizadas, independentemente das limitações que possam apresentar. Porque todas as crianças têm direito à educação e ao lazer infantil. A inclusão é responsabilidade dos órgãos políticos, das escolas, mas também de cada um de nós enquanto membros da sociedade. Acredito que esse caminho está a ser trilhado, mas ainda há muito a ser percorrido e é fundamental que cada um de nós faça a sua parte. Na minha opinião, a inclusão é respeitar os direitos das crianças e, por isso, cabe-nos fazê-los cumprir. 




1 comentário:

  1. Parabéns por este texto e pela profissional que te estás a tornar! ❤

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