"O Diário de Anne Frank" | Review

março 22, 2022

O livro de que vos venho falar hoje é, certamente, um dos livros mais lidos, estudados e discutidos em todo o mundo no que diz respeito à temática do Holocausto, sendo, indiscutivelmente, o diário mais famoso de todos os tempos. O facto deste ser um livro tão famoso e tão importante foi o que me levou a querer lê-lo, estando na minha wishlist há bastante tempo. Só em 2021 o adquiri e foi ainda durante o final do ano que o comecei a ler, contudo a leitura revelou-se mais difícil do que eu esperava, pelo que só o consegui terminar no final de janeiro de 2022... Mas iremos a essa parte mais à frente neste post!



O Diário de Anne Frank é nada menos nada mais do que o diário de uma menina judia, nascida na Alemanha mas cuja família se viu obrigada a mudar-se para a Holanda devido à perseguição dos judeus por parte dos nazis. Anne recebeu o caderno que viria a ser o seu diário no seu 13ºaniversário, pouco tempo antes de ter sido escondida com a sua família no "Anexo Secreto", que ficava localizado nas traseiras do edifício onde o seu pai, Otto Frank, trabalhava. Além da família de Anne, também a família Van Pels (no livro, designada van Daans) e um dentista de nome Fritz Pfeffer (Dussel, no livro) foram escondidos neste Anexo, tendo vivido juntos durante cerca de 2 anos. No seu diário, Anne escrevia cartas a uma amiga fictícia, de nome Kitty, a quem contava o dia-a-dia do Anexo, mas também as suas preocupações de adolescente a atravessar a puberdade. 


Eu acho que é extremamente difícil falar sobre um livro com esta magnitude, sobretudo quando a minha opinião não vai exatamente de encontro àquilo que é a opinião geral. Eu reconheço, sim, que este é um livro de extrema importância, porque nos permite imaginar o que seria o dia-a-dia de 8 pessoas que tiveram de viver escondidas durante 2 anos para tentarem escapar à prisão (e à morte), enquanto o Mundo vivia uma guerra cruel. Contudo, acho que o devia ter lido quando era mais nova, porque nessa altura teria feito mais sentido para mim e teria sido mais fácil compreender e identificar-me com Anne Frank, enquanto adolescente. Na verdade, ela não é mais do que uma miúda de 13 anos, a atravessar a fase da puberdade; uma miúda que estava habituada a ter tudo e, de repente, se viu com muito pouco, fechada num espaço pequeno com adultos e a sentir-se constantemente incompreendida. Eu acho mesmo que há momentos da história em que a Anne se mostra como uma rapariga extremamente mimada e até irritante - o que faz parte da adolescência e do crescimento e, certamente, foi amplificado pelas circunstâncias em que vivia.



Apesar desta minha opinião, se calhar, não tão popular, tenho de admitir que, de forma global, foi um livro que eu gostei de ler. Gostei particularmente das partes em que Anne se afasta um bocadinho de todo o drama vivido no Anexo - por conta do stress de 8 pessoas tão diferentes terem de estar fechadas juntas sem poderem sair para espairecer um pouco - e em que fala sobre si própria, sobre a imagem que tem de si mesma; em que reflete sobre coisas um bocadinho menos fúteis e em que nos explica o sentimento de terror que é ouvir explosões e tiros a qualquer hora do dia ou da noite e como era viver com o medo e a incerteza de não saber quando sairiam dali ou se seriam descobertos pela polícia. Foi nessas alturas do livro em que eu mais me senti grata por ter nascido no país e na época em que nasci e em que reconheci a sorte que eu tenho - e isto acaba por ser ainda mais importante no contexto em que vivemos atualmente!

É realmente difícil e duro imaginar o que aquelas pessoas viveram, todas as dificuldades por que passaram para tentar fugir aos campos de concentração para, no fim, terem sido descobertos e presos. Otto Frank, o pai de Anne, foi o único que sobreviveu e foi quem nos permitiu ter acesso ao diário de Anne, para podermos saber um pouco mais sobre o sofrimento dos judeus. Este livro, mais do que qualquer outra coisa, ensina-nos uma lição de empatia e de resiliência - porque, mesmo nos dias mais escuros, Anne tentava encontrar algo que a fizesse sentir-se feliz e que lhe desse esperança num futuro em que poderia ser livre


Já leram este clássico? O que acharam?

1 comentário:

  1. Apesar de conhecer, ainda não tive oportunidade de ler. Ainda assim, consta na minha wishlist.

    ResponderEliminar

Com tecnologia do Blogger.